sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Tempestad(e)

O vento do Norte sopra forte e impiedoso e ele sente o seu corpo balançar ao sabor dos seus repentinos excessos. Semicerra os olhos e tenta vislumbrar de onde vem tanta violência. Vê o negro recorte de uma frente escura que se aproxima com pressa em deixar assinatura na sua fragilidade.
O seu primeiro impulso é fugir, procurar abrigo, mas algo o segura. Vozes dizem-lhe que nunca conseguirá testar a solidez do seu chão se caminhar somente sob as cálidas carícias do Sol.
Fica e testa... e testa-se.

Tudo acontece com uma estranha rapidez e sobrevive.
Continua ele, mas ao mesmo tempo não é mais quem era.

É por isso que ele ama tempestades. Elas mudam-no a cada rajada de vento.

(Henrique Moreira - 2010)

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