Apreensiva, ela tentava afastar os seus receios com um cantarolar nervoso. Embora fizesse aquele caminho muitas vezes, sentia-se sempre apreensiva. O local já tinha sido palco de atrocidades que nunca chegaram a ser resolvidas.
Era um parque que, embora bem iluminado, tinha muitos recantos escuros e sombrios que no seu imaginário escondiam riscos incontáveis. Um imaginário, que era alimentado por fatais realidades passadas com outras mulheres antes dela.
Ela não sabia. Eu não ainda sabia. Mas ele sabia bem o que ia acontecer de seguida.
Escondido por detrás de uma árvore que ladeava o caminho confundindo-se com o pardacento do lugar, ele esperava por ela.
Há algum tempo que ele a seguia, conhecendo-lhe os hábitos, os horários, os passos, os lugares e os caminhos. Ele que a tinha eleito para nessa noite ser rainha, esperava-a de navalha afiada e pronta.
Entendi então o que iria passar-se, já o tinha visto fazer coisas igualmente incompreensíveis para mim.
Perdendo a curiosidade, bati asas e voei para outra árvore.
(Henrique Moreira - 2001)
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